quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Posts sábios (V)

Já perdi a conta à quantidade de vezes que oiço falar de "revolução silenciosa" para procurar desculpar o facto de não se estar a fazer nada de relevante ou o que se está a fazer não estar a produzir o efeito desejado.

Mariano Gago dizia que estava a fazer uma revolução silenciosa na Ciência e nas Universidades.

O programa Novas Oportunidades foi também qualificado como uma revolução silenciosa.

O programa de distribuição de frutas e legumes nas escolas também foi considerado uma revolução silenciosa.

A ida de Paulo Bento para treinador da selecção nacional foi igualmente vista como uma revolução silenciosa.

Também a antiga Ministra do Ambiente Dulce Pássaro dizia que tinha havido uma revolução silenciosa na distribuição de águas.

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados foi também vista como uma revolução silenciosa ao serviço dos idosos.

Alguém deu por todas estas gigantescas revoluções?

Não querendo desmerecer a tradição das revoluções silenciosas em Portugal, vem agora Carlos Moedas dizer que o Governo está a fazer também a sua revolução silenciosa de que os portugueses infelizmente não se conseguem aperceber.

Imagine-se onde é que está a revolução silenciosa: numa futura revisão da Lei da Concorrência, que ainda ninguém viu, e numa reforma muito limitada do Código da Insolvência, já justamente apelidada como uma via verde para a insolvência. Neste último caso, duvido que a revolução seja silenciosa, pois, se alguma coisa que dificlmente será vista em silêncio será o multiplicar das insolvências em Portugal.

Era bom que acabasse este hábito de chamar "revolução silenciosa" a tudo e mais alguma coisa. A única revolução de que me lembro de ter assistido neste país ocorreu há 37 anos. E garanto que na altura toda a gente deu por ela.

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