sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Crítica da punheta em clima de águas santas

Estou viajar e a tricotar palavra, a cronicar, gosto de viajar e informo cidadão compatriota e primo, vejo o que olho vê e cabeça manda. É assim como fazer esteira de caniço e pôr ao alto, entrelaçada de fios de capim teso, merda de bode velho e matope de chuva molada. Mistura esteira com matope e é receita de habitação, palhota nos tempos, habitação social agora. Tem vantagem: é fresco e pode dormir descansado, se vier sismo cai mas não mata. Pode voar também se vem furação, monção daqui, e flutua na cheia como jangada, sempre é melhor que telhado de zinco, esse faz forno. Já dormiu com telhado de zinco? É mesmo estufa, bom para estufado, assa peixe, serra de olho grande, pargo mulato. Com pessoa é bom para obeso, receita para caber na roupa, magrecer mas não tudo, reserva tem potencial, reserva de carne mesmo – tem moda de magro aqui? Nada, beleza é a chicha. Já viu dirigente? Magro mesmo não tem, tem sempre prosperidade carnal. Quem manda sempre alcança peso.
Da Manhiça na Europa low cost – viajei no trem - parei nas Caldas da Rainha e não tem rainha, tem rainha de pedra fumado por escape de automóvel na rotunda mais feio daqui de Norte a Sul, que é metrópole nos tempos e rectângulo agora, dito Portugal mas dito também Europa porque tem euro mesmo se tem crise maior que Europa que já tinha Europa antes de ter euro – essa Europa antes era mesmo Europa, agora está ficar sucursal do que era. Terra piquenino este Caldas, piquenino mental pessoa, mal cheiroso, gente que parece ovo mole ou gente seca tal cavaco das Caldas que é como o Cavaco de Boliqueime, seco. Cheiro que tem não é de pessoa que cheira, que pessoa cheira bem como Lisboa excepto a que cheira mal como também tem nós de catinga de esforço e quilómetro na perna, muito quilómetro, mesmo que de chapa que é esforço porque vai como parte do cacho e é circo, esforço e não desforço.
Aqui também produz gás de sovaco, cheira Lisboa diferente é cheiro cantado, fado, aqui não, é mesmo cheiro de águas benzidas. Água benzida cheira a santidade e santidade não toma banho porque santidade não sabe nadar e então deita cheiro que +é mistura de incenso cristão com naftalina mouro. Qual santo toma banho? Conhece? Virgem Maria toma banho, viu na escritura? Quando? E São Pedro abandona a porta do céu para ir ao banho? Nada, já veio com banho ao mundo, vem com banho tomado, foi Deus. A Virgem também. Santo cheira como pessoa não é santo é falso santo, santo mesmo está imune a cheiro, não cheira a nada, só cheiro de santidade – não diz assim? Santo tem sovaco virtual, deus e santo sem banho cheira genuinamente como sovaco solitário cheira genuíno, mas a conclusão é que não é santo é falso santo, é burlão, falso deus, deus com dêzinho, e esse vende tudo falsificado, mesmo uísque de missa.
Estou pasmado: aqui bacalhau tem punheta, quem que acredita? Depois de ver gaita de todas as forma, nunca tinha visto assim, gaita copo, gaita fórmula UM, gaita garrafa, gaita bolo, gaita gaita, gaita com fole, gaita suspiro – todo mesmo açúcar, branco creme – gaita em manto de frade com racha na santidade da roupa, gaita aperaltado de caracóis, gaita com pilha, gaita mole, gaita foguetão, gaita narina, etc-gaita, vi punheta de bacalhau. Sabe espanto como é? Espanto daquele mesmo que parece sai olho pelo cérebro? Foi o que veio. Não é mesmo punheta como aí na Manhiça, autogerido. Esse punheta é fiapos de bacalhau cru em cama de azeite com alho? Será possível. É mesmo. Alguém explica? Ninguém, nem enciclopédia, nem internet, nem globalização, nem Aristóteles, nem o era-clito, aquele que tinha muita dialéctica e morreu de antagonismos.
Sabe o compatriota que eu fez? Uma acção de marketing pela figuração em barro preto da gaita caldense.

Benjamim Saguate nas Caldas / Verão de 2011 que só chove

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