sexta-feira, 8 de julho de 2011

Vai vir charters de Javalis

A habitual nota obituária do Economist- é a revista, pá, não é um heterónimo do padre Louçã- foi atribuída, na edição de 4 de Junho, a um jogador de futebol do Irão. Nasser Hejazi, excelente guarda-redes (62 internacionalizações), faleceu aos 61 anos. Perguntar-se-á... que tem a ver com o Javali Sentado aquele que ficou conhecido como a “Águia da Ásia”? Ah! Essa zoologia insuficiente alimenta incréus e cipaios: a Águia é um Javali com asas. E o Javali da espécie mais inteligente e desenvolvida toma, como se sabe, a designação de Leão.

Mas vamos ao que interessa. Nasser foi surpreendido pelo voo do Xá e pela “revolução” Khomeini em pleno Manchester United. Onde se preparava para iniciar uma carreira gloriosa. Pois, trocou o exílio pela pátria, a fama pela família. Si fódeu, como se diz na fala normalizada do Brasil, aqui grafada na opção aberta da língua portuguesa de Portugal, prevista no penúltimo acordo ortográfico. Eles lá continuam escrevinhando ‘se fodeu’.

Queimemos as etapas mais penosas. Nasser Hejazi passou em duas décadas de vedeta do pontapé na bola a insubordinado democrata, de palhaço principal do circo a corajoso defensor do pão e da liberdade. Não, não é para rir nem para chorar. Mas para ler. Transcreva-se. “I’m agonised to see (the authorities) interpret poverty as contentment, inefficiency as patience and, with a smile on their faces, they call this very stupidity wisdom”.

E isto vem a propósito de quê? Da vontade de contribuir para ajudar Portugal.

Amarcord. No dia em que as baratas ficaram tontas, aquele dia em que o PM Cavaco Silva pediu ajuda a Michael Porter, ficámos a saber que tínhamos de encontrar os nossos clusters. Tudo cousas hipermodernas em torno da cortiça, da simpatia do povo, do mel de abelha, estradas, panos e atoalhados, sapatos e ferraduras, e, claro, estava-se mesmo a ver, aproveitando a inteligência do povo eleito: produtos financeiros e biotecnologia.
Alguma cousa deve ter corrido mal...que até os Javalis se sentaram alegadamente estupefactos. Regressar ao mar, voltar ao amanho da terra, embarcar e fugir! Atão, e os nossos clusters?

Será que ainda não entenderam que o nosso único cluster de excelência é o Futebol. Sal, em onze, na praia, matrecos, nintendo. Jogadores, treinadores, administradores, espectadores. Agentes, claques e massagistas.

Paulo Futre percebeu e ainda se riram dele. Sócios, isto é uma merda. Não temos dinheiro. Temos de arranjar quem tenha. Temos para isso de encontrar um motivo para que aqueles que têm venham cá deixá-lo...para a malta continuar a beber Licor Beirão. Sócios, vai vir charters de mulas.
Huuuuuu! Diz o coro grego: VAI VIR CHARTERS de JAVALIS.

JSP aka Xiconhoca.come

2 comentários:

  1. Agora estamos eriçados contra a Moody's que disse uma verdade a la Cerejeira (para não usar francesismos).

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  2. Paulo Jorge dos Santos1 de agosto de 2011 às 03:39

    "À beira do precipício
    não daremos passos em frente!"

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