sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Hoje o Javali Sentado retira-se
Vou sentir saudades de ler os postes da Ana Cristina Leonardo, como o que aqui transcrevo e com o qual concordo integralmente:
“Qual a diferença entre citar o "Protocolos dos Sábios de Sião" e "O Segredo"?
Bom, é que sendo ambos bullshit. o primeiro contribuiu para reduzir a cinzas uns quantos milhões de pessoas.
Alguém que explique isso ao Jorge Messias do PCP.
Messias?!”
Dito isto ainda há tempo para publicar as 2 últimas fotos que tenho em carteira, do Jota Esse Erre e um texto do JSP.
E, para não me alongar muito, mais duas ou três coisas para terminar. Não gosto que me pressionem com “Adeus e até ao meu regresso”. O PCP ensandeceu de vez, o BE é uma mistela de deolindos e amanhãs que nunca vão cantar e, a malta que foi ao pote não tem mundo, nem ideias para Portugal. Pois é, resta o PS. Que se transforme e ajude a refundar a democracia, como apela o companheiro Mário. Citando livremente Knopfli, gosto de minorias de um só se necessário for e estou-me a cagar para a juventude e para a contestação. Poder popular e braço no ar nunca mais. Gostava de ter visto, como o JSP, Sócrates a surfar nas ondas da crise (falo é claro do engº e não daquele que enclausurou a Filosofia).
Vou daqui formoso (a vossa companhia emprestou-me brilho) e não Seguro.
Um Imenso Adeus
Javali vai dormir
“Desembarquei (ChekLap Kok) às 16 horas…às 17.15 já estava a comer um pastel de nata”. Quem assim confessava, na pretérita semana, orgulhosa e candidamente, a sua loucura por pastéis de nata... era nada mais nada menos do que ( Lord) Chris Patten, o último governador inglês de Hong Kong. Declaração singela, pois, mas foi citada em todos os média da RAE da China.
Pang Fei (Fat Patten) é uma espécie de embaixador informalmente plenipotenciário, espontâneo e voluntário, pro bono e benevolato, de uma das criações mais sublimes do génio culinário lusitano. E volta sempre ao local do crime: Hong Kong, mais precisamente Kowloon. Pouco importa que o trouxessem à ex-colónia britânica os ulteriores papéis de memorialista político, documentarista, enquanto espairecia na Provence, depois na Comissão Europeia, na chancelaria de Oxford ou BBC. First things, first.
Pousar a mala e ala para a confeitaria. Acompanha-o sempre uma pequena multidão que entusiasmadamente entope a circulação para ver Pang Fei a dragar um par de ‘natas’ do fornecedor de eleição. Um pasteleiro chinês, comme il faut.
E pergunta-se porque razões o close encounter com as “portuguese egg tarts”, que deveria ter ocorrido em Lisboa, ou em qualquer um dos milhares de franchisados no espaço português, se concretizaria na China? Ora, isso pouco importa. A questão é, sim, como se explica que, tendo o pastel de nata sido introduzido por portugueses no território de Macau, não encontramos Portugal nesta epopeia do pastel de nata na Ásia? Já os encontrámos, os pastéis de nata, perdão, portuguese egg tarts, para além de HK e Macau, em Osaka, Kyoto, Singapura, Taipé. Anunciados sob o rosto sorridente do seu criador: (Lord) Andrew Stow.
Feita a apresentação. Isto serve para chamar a atenção do Álvaro para as ideias peregrinas do seu colega Portas. Este ficou com a tutela da ‘diplomacia económica’, embora a ideia seja de Martins da Cruz, mas afortunadamente ainda está em fase de estudo. Seja, anda a correr mundo a contar cabeças, e anda a correr as cabeças para contar os novos Oliveira da Figueira. Daí o título Tintim.
Isto é. Doravante, aos nossos diplomatas, hoje em dia limitados aos “pequenos exercícios de representação”, na leitura de Umberto Eco, e não sendo oportuno, justificável, até humano, exigir-lhes, sei lá, produção de “intelligence”, será exigida uma criativa, agressiva, postura Oliveira da Figueira.
Por exemplo, o novo embaixador do governo Steps Rabbit deve trocar o fatito Brioni por um velho Maconde, a senhora triz guardará a carteirita Hermès informal para exibir uma bolsa de cortiça. Se desafiados ao Krug devem responder com Raposeira. Devem aproveitar todas as ocasiões protocolares para tentar vender coisas da nossa terra. Um relógio, uma garrafita de azeite, conservas, software, palitos Lusitanos.
ProntoS. Não podem dizer que nos furtámos ao dever de ajudar a Pátria. Agora, o Javali Sentado vai dormir.
Mas continuamos atentos, por outros meios, e não vamos permitir que destruam o melhor de Portugal. AS forças do mal, os habituais inimigos da democracia, conspiram, conjuram, para desferir o golpe definitivo e mortal na Liberdade. Eles querem matar o Major Alvega.
JSP aka XICONHOCA.COME
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Quero
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo
Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amaste antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo
verdade fulminante que acabas de desentranhar
eu me precipito no caos
essa coleção de objetos de não-amor.
Carlos Drummond de Andrade
domingo, 30 de outubro de 2011
Summertime
Sidney Bechet
sábado, 29 de outubro de 2011
Política e futebol
Comecemos então.
Pedro Passos Coelho – Roberto
Começamos com o Primeiro Ministro e um guarda-redes cujo melhor elogio recebido em Portugal foi o de jogar bem com os pés. Pedro Passos Coelho é o Roberto deste plantel: o PM quer acreditar que os milhões de votos que deram por ele são de gente que ainda confia na sua governação; acredita que o mérito do seu trabalho acabará por vir ao de cima, mas até agora notabilizou-se por ir buscar bolas ao fundo da baliza. Acredita que a economia vai crescer 3,5% ao ano, acredita que Portugal não é a Grécia, sabe de fonte segura que as agências de rating vão cair na realidade, assegura que o Pai Natal parte da Lapónia todos os anos, e provavelmente espera que os seus três caniches vivam para sempre.
Vítor Gaspar – Xavi Hernandez
O Ministro das Finanças é o elemento mais cerebral do actual Governo, e aquele que pauta naturalmente o jogo de toda a equipa. Xavi Hernandez, seu paralelo futebolístico, é o pai do tiki-taka, um modelo de jogo que enerva o adversário e acaba por adormecê-lo através de uma eficaz circulação de bola, seguida de movimentos de ruptura absolutamente letais. Já Vítor Gaspar é adepto do hara kiri, um estilo de suicídio que fará deste governo o pior da história da democracia portuguesa.
Paulo Portas – Freddy Adu
Depois de umas habilidades num futebol de outro campeonato, Freddy Adu deu por si em apuros quando o hype sem fundamento o levou a pisar alguns dos relvados mais importantes da Europa, e outros menos honrosos. Com o fim da viagem, viria também o reconhecimento da inaptidão e o retorno do pequeno trota-mundos a casa. Infelizmente para os portugueses, também o Ministro dos Negócios Estrangeiros há-de regressar à base.
José Pedro Aguiar Branco – Jorge Ribeiro
Deve ser difícil chegar ao Bairro da Boavista e ser “o irmão do Maniche”, o que não ganhou uma Liga dos Campeões, foi dispensado do Benfica e é hoje um fiel sucessor de laterais esquerdos como Nelo, Caetano ou Quim Berto. O ministro José Pedro Aguiar Branco, coroado com 3,61% dos votos nas últimas eleições do PSD, encontrou em si o amor fraterno aos colegas de partido para pôr de lado as divergências de base e juntar-se à solução de unidade capaz de tornar o ministério da Defesa numa estrutura que não faça dois gajos virarem-se um para o outro no café e perguntarem: “mas p’ra que é que serve aquela merda?”. Até agora, está a falhar. É o único ministro que tem direito a ser tratado por 4 nomes, até porque não é major nem coronel de coisa nenhuma.
Miguel Macedo – João Moutinho
Se tivesse ardido muita mata no último Verão, seria fácil comparar Miguel Macedo a Mario Balotelli, o mal amado de Manchester que há uns dias atrás chamou os bombeiros a sua casa depois de lhe ter pegado fogo a brincar com pirotecnia. Felizmente, não é esse o caso, portanto fiz-me valer da recente declaração auto-vitimizadora do Ministro da Administração Interna em que este abdica de um estranho subsídio de alojamento (que daria para pagar 3 RSIs ou, no caso do Ministro, cerca de 28 bifes no XL). A forma como "abdicou de um direito" fez lembrar a sequência de contorções faciais que João Moutinho faz quando alguém lhe toca dentro de campo. Primeiro, age como se tivesse uma fractura exposta. A seguir, choraminga junto do árbitro. Coitadinhos.
Paula Teixeira da Cruz - Geraldo Alves
Geraldo, hoje um competente e pacato assalariado do AEK de Atenas, é irmão de Bruno Alves. Formou-se no Benfica e foi em tempos aquilo a que na gíria se chama um sarrafeiro do caraças (Bruno Alves deve muito do que sabe ao seu mano). Para quem não acompanhou o início de carreira de Geraldo, imaginem um centro-campista capaz de guardar dentro de si todas as injustiças do mundo, mas apenas capaz de as resolver com entradas a pés juntos. Foi um pouco assim a chegada de Paula Teixeira da Cruz ao Governo, mas, como Geraldo Alves, também a ministra se tem vindo a acalmar, caminhando vagarosamente para a única reforma que parece estar ao seu alcance: a sua.
Pedro Mota Soares – Franco Baresi
Franco Baresi, lendário jogador italiano, construiu toda a sua carreira jogando a líbero. O que tem isso a ver com Pedro Mota Soares? É tão provável encontrar um líbero no futebol moderno como identificar solidariedade e segurança social no ministério com o mesmo nome. Pedro Mota Soares é portanto o líbero deste governo, ocupante inglório de um cargo que, se o CDS mandasse realmente nisto, faria dele o Ministro do Combate à Preguiça Popular e da FlexInsegurança.
Álvaro Santos Pereira – Paulo Futre
Álvaro e Paulo. Universidade de Vancouver, Escola da Vida do Montijo. Dois homens, dois trajectos, a mesma convicção: vai vir charters, ou, no caso do Álvaro, empregos. Enquanto Futre vive confortavelmente na bolha que é o seu magnífico ego, “o Álvaro” parece uma criança obrigada a participar no teatro da escola. Esqueceu-se das falas, transpira por todos os lados e a coisa já só se endireita se alguém pegar na deixa e continuar a história sem ele.
Assunção Cristas – César Peixoto
Ninguém sabe explicar como é que ambos foram parar a clubes grandes, mas eles lá estão. A César Peixoto podemos gabar, no máximo, o facto de ser o melhor defesa-esquerdo metrossexual do futebol português. Assunção Cristas, por seu lado, ficará para a história por uma irrelevância do mesmo calibre, como mentora de um ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território sem gravatas. Diz-se que Deus está nos detalhes, mas isto, até para alguém religioso como a ministra, é levar o chavão longe demais.
Paulo Macedo – Zlatko Zahovic
Após uma passagem profícua pelo F.C. Porto, o mago Zahovic rendeu-se à economia de mercado e foi até Valência em busca de pesetas. Pouco tempo depois, regressaria a Portugal para abrilhantar o deserto de ideias que era o Benfica daquele tempo. Um pouco como Paulo Macedo, antigo Director Geral dos Impostos, cargo que abandonou em ombros para uma aventura na banca, de onde saiu em Junho para repensar o jogo do Governo na área da saúde. Busca ainda entrosamento, mas tem procurado jogar em futebol directo – directo ao bolso dos utentes do SNS.
Nuno Crato – Madjer
Esqueçam o Madjer do calcanhar de Viena. Refiro-me a outro Madjer, futebolista de praia, o mesmo que há alguns anos atrás estagiou durante 2 dias com o plantel de futebol de onze do Vitória de Guimarães. Desistiu da ideia quando percebeu que o campo era demasiado grande e que não dava para fazer pontapés de bicicleta com a mesma facilidade. O Ministro da Educação e Ciência já esteve mais longe de chegar à mesma conclusão.
O empresário/suplente de luxo/treinador/adepto/guarda abel
Miguel Relvas – Jorge Mendes
O Ministro dos Assuntos Parlamentares não é bem um ministro. Em linguagem moderna, podemos dizer que é um connector. Mas é mais do que isso. É também um fixer, uma espécie de Michael Clayton com menos 10 cms, mais 10 kgs, e muito menos tempo para lidar com questiúnculas éticas. Se fosse futebolista, deixem-me cá ver, seria George Weah, o que partiu o nariz a Jorge Costa, foi suspenso por 6 jogos e recebeu o prémio fair play no fim da mesma época. Como não é futebolista, olhemos para ele como o empreendedor-sombra do actual ciclo governativo. O Governo é a sua Gestifute; o mundo uma complexa rede de relações para gerir. E o resto é conversa – sempre ao telemóvel, conforme se vê.
Entretanto, ocorreu-me comparar Carlos Moedas ao Paulinho das toalhas, mas acho que já chega por hoje."
Vasco Mendonça no Sinusite Crónica
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
A Europa
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
D.Fuas contra a Europilhagem
O nosso contributor JSP e a senhorita Angelita Merkel entusiasmados com as ideias do ministro Álvaro-Oktoberfest.
foto Iphone 4
Lamentando esta justificável delonga, aqui estamos para saudar o regresso do webmaster Mad Dog Clarence, retido contra à sua vontade na prisão do Crato, e, claro, ajudar à ‘laranjada’.
Por uma vez, juramos respeito à agrura da situação, afinamos pela consistência e demonstraremos seriedade perante o quadro hilariante desta república albanesa, que acelera desregulada e com o depósito na reserva.
Pois. A questão é simples...em política não se deve ter razão antes do tempo. E os portugueses mal chegados à modernidade, e ainda muito formatados à canga caridosa e à mediocridade temperada, não estavam preparados para o golpe de génio, aquele vol fou desafiado por Sócrates.
E que nos propunha o primeiro político verdadeiramente pós-moderno em Portugal? Que fizéssemos surf na onda do endividamento geral, que nos esgueirássemos nos tubes dos défices, e, chegando primeiro à praia do governo económico, primus inter pares, merecêssemos dos pobres e estreitos europeus o devido “tributo”. Deverá ler-se tributo como perdão da dívida, embora não seja um perdão nem exista dívida.
Mas não, não foi assim, vingaram os arreliantes atavismos, o temor, o respeitinho, a parcimónia e outras escatologias. Trocámos o surf genial pelo nosso particular empobrecimento todo-o-terreno. Substituímos Sócrates por Xantipa. E preparamo-nos para cambiar o Euro pelo Morabitino, pelo Escudo, pelo Cruzado, pelo Espadim de Prata. Não chega? Homessa, venham os Reais Pretos, o Centavo de Bronze ou o Chinfrão. Seja o que for que possa ser trocado por Patacos.
Já estamos adivinhando o nosso Gaspar com uma indisfarçada sombra de alegria no austero rosto de gato pingado anunciando, em comunicação ao país, naquela melopeia quasi afásica, lenga-lenga tóxica, a boa nova: Portugueses...cagámos no Euro. Viva o Novo Escudo.
Desconfiada, a massa de ratinhos, interpelará o falso Gaspar: mas isso é dobrão ou sapeca?
Melhor, muito melhor. Esqueçam a nota verde, o iene, o yuan. O Novo Escudo flutuará contra um cabaz de divisas (hard currency) com futuro: Futebol, Fado e Fátima. ALELUIA!
Dispensando-nos de descrever os números do festival financeiro e da inevitável, incontornável recessão económica, paramos para ganhar fôlego e acompanhar a torna das toupeiras a su casa. Su buraco.
Eis senão quando no firmamento rasga-se uma luz brilhante. É um pássaro, é um avião, é um bávaro? Não, é o nosso Álvaro. ALELUIA!
Felizmente, temos o nosso Economista, heterónimo Álvaro. Ouro em Montemor, gás natural em Faro, petróleo em Peniche, platina em Carrazeda de Ansiães, diamantes no Gerês, tungsténio no Vale do Ave, jade na Bobadela, urânio em Poiares, zinco na Cova da Beira, ferro em Alcoutim e algum titânio em Mem Martins. Para não falar dos muitos depósitos de neodímio e lutécio. E montes e montanhas de estrôncio.
Ecco. Parafraseando o nosso amigo Táxi Pluvioso...Portugal, regressado à sua relevância natural, voltará a despertar a inveja do Mundo.
Para o boneco ficar completo e o final ser feliz, falta-nos apenas contratar, para tanta mina, uns milhões de magaíças, easy, dadas as boas relações com as províncias ultramarinas, e para governar esta puteiro...um cafetão e uma cafetina.Bem hajam.
JSP, aka XICONHOCA.COME
Lament
Chet Baker
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Não percebo nem metade mas se é contra o acordo ortográfico é bom com certeza
Nós aqui em Moçambique sabemos que os mulungos de Lisboa fizeram um acordo ortográfico com aqueletocolocma do Brasil que tem nome de peixe. A minha resposta é: naila. Os mulungos não pensem que chegam aqui e buissa saguate sem milando, porque pensam que o moçambicano é bongolo. O moçambicano não ébongolo não; o moçambicano estiva xilande. Essa bula bula de acordo ortográfico é como babalaza de chope: quando a gente acorda manguana, se vai ticumzar a mamana já não tem estaleca e nem sequer sabe onde é oxitombo, e a gente arranja timaca com a nossa família.
E como pode o mufana moçambicano falar com um madala? Em português, naturalmente. A língua portuguesa é de todos, incluindo o mulato, o balabasso e os baneanes. Por exemplo: em Portugal dizem “autocarro” e está no dicionário; no Brasil falam “bus” e está no dicionário; aqui em Moçambique falamos “machimbombo” e não está no dicionário. Porquê? O moçambicano é machimba? Machimba é aquele congoaca do Sócrates que pensa que é chibante e que fuma nos tape, junto com o chiconhoca ministro da economia de Lisboa. O Sócrates não pensa, só faz tchócótchá com o th’xouco dele e aquilo que sai é só matope.
Este acordo ortográfico é canganhiça, chicuembo chanhaca! Aqui na minha terra a gente fez uma banja e decidiu que não podemos aceitar.
Bayete Moçambique!
Hambanine.»
Assina: Manuel Muanamucane
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Posts sábios (VII) — Quem quer casa ia ao Totta
José Medeiros Ferreira, ICI
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Indignação à americana
Anjo caído
Circos de falsas estalactites iluminantes
Nuvens atreladas que falam
Areias maleáveis dançam no vento corpos imprevistos
Jornais esvoaçando obituários e pássaros ao rés-do-chão debicando lentos nas costas da mão que lhes dá de comer sem voo
Síndrome de asas caídas
Imobilizados no dia da última morada
Armazém de milagres fora de eficácia
E mais um e outro e mais uma queda no rol dos feitos não permitidos
Escritos pela mão de Deus em renúncia de civilizar a criação para além do paraíso inalcançável
- Que necessidade de uma pasmaceira de perfeição
Da parra ou da maçã se em tudo não estivesse o bicho que torce o pepino de quem o tem sendo menino -
Esses anjos de encerrada solidão
Habitam outros tantos altares excluídos das normas da talha dourada oficializada por bula em fumos brancos de santidade coxa
O bicho da madeira no seu lento labor secular tece nas icónicas formas populares labirintos de subversão
Proletarizados petrificando asas no beco da sorte malvada
Os olhos rugas
Pousados no silêncio
Cegos
Por fora do tempo que não os toca na aparência
Apesar do bicho da madeira gazua lenta
A carne não os atormenta
O cristalino de tinta embaciada desmaia
A menina do olho na última idade
A ferrugem lenta
Azula e pela pouca roupa pintada
Cirandam uns dourados em despedida memória
Emílio Navarro Soler