Estou viajar como disse na última. Hoje vou no Fátima. Não vou no Fátima porque seja religioso, sou animista, tem vida por todo o lado mesmo debaixo da pedra – nuca viu bicho, minhoca, escaravelho, debaixo da pedra? Gosto de ver tudo o que é grande, mesmo coisa pequeno bonito também, e dizem que Fátima é grande, tão grande que dá para dois milhões de joelhos juntos. Depois vou ver a Luz. Não vou ver a Luz de Fátima, essa luz é no espírito, vou ao Estádio da Luz ver a iluminação, as lâmpadas que são de baixo custo e que fazem resplandecer a relva de reverberações cintilantes e sobre as quais a bola levita deslizante – sou do Malhangalene como sabes primo, mas disseram que é melhor relva e esse assunto é definitivo do progresso da nossa bola, estou acumular massa crítica para depois. Em Fátima só quero ver a Azinheira mais o parque de estacionamento das almas. Deve ser uma árvore bonita. Disseram azinheira mas não sei, outros chamam sobreiro. Sobreiro ou Azinheira? É importante para a iconografia do milagre, sua hermenêutica visibilizada. Se fosse Oliveira também era outra coisa, se for Chaparro, a palavra está mal usada – Chaparro no milagre não faz clique, é palavra feio para coisa bonita, vi nos cromos, mesmo Acácia era melhor, mesmo vermelha. E a Virgem nunca apareceria numa vinha, ficava mal, como que desflorada de santidade necessária á boa imagem, não dava para ascender também, é baixinha, nem numa parreira, ficava assim tolhida de céu conveniente. Milagre sem céu conveniente é pouco, fica mais a força da gravidade, espécie de fralda de fora como truque e milagre não é truque. Quem que acredita que a Senhora voasse sem um céu para onde? Vou de Expresso. É um expresso que pára muitas vezes. É um expresso que tanto se chama de expresso como rápido mas parece muito parecido aí com os Oliveiras mas sem nada a balançar no telhado – esses Oliveira daí é nossa salvação desde os tempos. Depois vou na Luz. Na Luz tem relva mesmo relva. Quero ver a relva para perceber como a bola desliza. Esse milagre dos golo tem relva genética escondida. E depois vou ver Pedrouços, de onde partiram os naus. Os naus, os caravela – não estou a falar dos cigarros – foi onde português partiu. Quero ver donde partiu para perceber como chegou. Depois rescrevo primo.
Benjamim Saguate ainda nas Caldas sulfurosas
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